quinta-feira, 23 de abril de 2009

Quem não se comunica, se estrumbica, parte II

Era um vôo da British Airways, vindo de Londres para pouso em Chicago. O aeroporto de O`Hare, em Chicago, é um dos mais movimentados do mundo, e o controlador de tráfego falava rápido, emitindo instruções às aeronaves que chegavam, falava num inglês tão ruim, que até os "locais" tinham que prestar atenção para entender. Deu uma instrução ao Speed Bird (este é o indicativo de chamada dos vôos da British Airways), mas os pilotos não entenderam. Isso é muito comum, então pediram o famoso “SAY AGAIN PLEASE”. Novamente a instrução dada, e nada entendido. Após mais um SAY AGAIN, e pela 3º vez o Speed Bird não entender a mensagem, o piloto, com a polidez típica dos Britânicos disse: - COULD YOU PLEASE SAY IT AGAIN, BUT THIS TIME IN ENGLISH! Silêncio na fonia... Uma outra voz assumiu as comunicações (geralmente os controladores trabalham em duplas, ou com um supervisor por perto), passando as instruções, que desta vez foi clara, concisa, sem ambiguidade, e principalmente, em inglês.
Voando na Ponte aérea, o controlador pergunta ao piloto- Confirme como está recebendo? Se referindo, obviamente, à qualidade da transmissão, mas o comandante, no momento aposentado, responde: -Estamos recebendo mal, companheiro, e a companhia agora está parcelando em duas vezes. Outro caso engraçado, mas que tem cara de anedota, é a do aviãozinho que após longo vôo se aproximava de Manaus. Os órgãos de controle, possuem um indicativo de chamada, sendo que no caso, a torre de Manaus é chamada de Torre Eduardo Gomes, mesmo nome do aeroporto lá, em homenagem ao Brigadeiro. Pois bem, o piloto vinha chamando erroneamente de "Torre Manaus". O controlador, não sei por que, se recusava a responder. Lá pelas tantas, de tanto o piloto insistir na chamada, o controlador da torre respondeu com certa ênfase: Ô PT-TAL (suposto prefixo da aeronave), aqui é EDUARDO GOMES! No que o piloto, aliviado, respondeu- Puxa brigadeiro, ainda bem que o Sr. respondeu, já efetuei várias chamadas e ninguém respondeu! Mas a estória mais interessante, é de um antigo comandante da Cruzeiro do Sul, e essa é verdade! No final dos anos 70 e inicio dos 80, a Cruzeiro fazia muitos vôos para Buenos Aires, e era extremamente bem conceituada por lá. Este comandante era muito amigo dos controladores de Buenos Aires, e voava regularmente nesta rota no saudoso Boeing 727. As comunicações transcorriam normalmente até que eles fossem transferidos do setor do controle Uruguai para o setor de Buenos Aires. A partir daí, nenhuma palavra era dita pelo comandante, ele simplesmente apertava a tecla do microfone, e com um talher, dava 3 batidinhas num copo de vidro. Tim, tim, tim; era a senha combinada. E o B.Aires Control (este é o indicativo deles) reconhecendo o amigo, respondia – Buenas noches capitán, siga adelante, el tiempo es bueno, reporte para el descenso. Na hora da descida, mais 3 batidinhas no copo, e nova instrução era dada: Livre descenso, viento calmo, reporte a 5 millas para aterrissaje. E assim seguia, pousava e se dirigia ao estacionamento sem falar uma palavra sequer. É claro que os tempos eram outros, o tráfego aéreo muito reduzido, mas enfim, um procedimento surpreendente. Ao desembarcar do avião, lá estava o controlador, recebendo o comandante com abraços e já combinando a hora e o local para o churrasco. É isso, desligando, cambio final.
  • A primeira foto é de um Boeing 757 da British Airways em Heathrow, Londres, e a segunda é na aproximação final para pouso em Manaus.

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