quinta-feira, 18 de junho de 2009

Me aproximando dos aviões

A partir de 1979 as oportunidades para viajar de avião foram surgindo. Com 2 colegas de colégio fomos a Atibaia, onde um deles conhecia um japonês que era dono de um hangar no aeroporto da cidade. Lá, o tal do japonês nos levou para um passeio a bordo de um pequeno monomotor. Foi fantástico! Rasante sobre o lago, curvas radicais, subidas abruptas e um belo visual. Também em 79, com minha mãe e irmãos, viajamos para a Disney. O voo, que deveria ser num DC-10, acabou sendo de Boeing 707, pois naquelas semanas (maio de 79) antes da viagem, um DC-10 da American Airlines, decolando do aeroporto de O'Hare - Chicago, caiu logo após sair do chão! O motor esquerdo, que era preso à asa por três pinos de fixação, simplesmente se soltou. O problema foi em um dos pinos, então por umas semanas, toda a frota de DC-10 no mundo ficou no chão para os devidos reparos. Tanto a viagem de ida quanto a de volta, foram a maior curtição! Não devo ter dormido um instante sequer! Curti o serviço de bordo, bati papo com as comissárias, entrei e sai da cabine dos pilotos diversas vezes. Lembro até hoje o nome dos comandantes da Varig, naqueles voos: Sapateiro na ida, e Pprints na volta. Vale umas palavras sobre o Boeing 707: Embora não tenha sido a primeira aeronave a jato a operar vôos comerciais, ele foi o primeiro Boeing a ter grande sucesso de vendas, já que até então, a Boeing se concentrava no segmento militar, e foi a primeira aeronave da série 7X7. Possuindo 4 motores, e com suas grandes asas repletas de querosene, seria possível voos mais longos que no passado. A primeira empresa aérea a operá-lo foi a Pan Am, realizando a rota Nova Iorque-Paris em outubro de 1958. Sua produção se encerrou em 1978, e até hoje presta bons serviços mundo à fora. Em sua versão de passageiros, transporta até 185 passageiros, sendo a classe turística com 3 poltronas, corredor e mais três poltronas. Por ter grande alcance, mudou as viagens internacionais, pois não era necessário parada para reabastecimento em escalas intermediárias. Foi o avião oficial dos presidentes de vário países, incluindo os EUA, e até pouco tempo atrás, do Presidente Fernando Henrique. Hoje em dia ainda é usado, principalmete na versão cargueira. Sua fuselagem foi também usada nos Boeings 737 e 727. Em dezembro de 1981, mais uma vez viajei de 707, indo para Manaus com meu pai. De lá fomos a Porto Velho, onde voávamos para minas de cassiterita, situadas a cerca de 50 minutos de voo num Piper Azteca, bimotor para 6 passageiros. Na volta ficamos retidos em Rondônia por conta de uma greve dos aeronautas, então após 2 dias parados em Porto Velho, voltamos em um Learjet fretado. Avião muito bacana, mas apertado a beça para uma viagem tão longa. Em 1980 acompanhei meu padrinho que foi passar um dia na fábrica da Embraer. Ele foi à trabalho, e eu aproveitei para passear. Foi muito legal conhecer a fábrica com suas linhas de montagens. No final ainda ganhei uma sacola com "brindes" da Embraer, foi como que um presente de aniversário aquele passeio. Obrigado tio Valdemar! Em outra ocasião a Embraer colocou à disposição da empresa em que meu pai trabalhava, um avião Bandeirante para um vôo a São João del Rey. O avião, que era da própria Embraer para uso da diretoria, tinha prefixo PT-EMB, era pintado de azul degradê, e era a própria imagem da Embraer. Tirei uma foto na cabine, e o interessante é que 5 anos e 1/2 mais tarde pude tirar outra foto também no Bandeirante da Rio Sul, mas desta vez eu era o co-piloto! Em julho de 1981, fui para a Argentina em viagem de férias. Viajamos de Airbus A-300 da Cruzeiro, decolando de Congonhas. Avião novo e grande, com capacidade para 234 passageiros em 3 classes, podia operar em Congonhas sem restrições. Não acreditaria se dissessem na época que eu pilotaria aquele avião, mas o fato é que em outubro de 1987 eu iniciava o treinamento para voar de copiloto naquele mesmo Airbus! Mas o passeio mais legal que eu fiz, foi em junho de 79 com meu amigo Bullo. Planejamos e pagamos com nossas economias uma passagem de ida e volta para o Galeão. O objetivo era não apenas ver os aviões em geral, mas principalmente para ver o Concorde, que 2 ou 3 vezes por semana pousava lá. Munidos de autorização para viajar desacompanhados, embarcamos em Congonhas para o Galeão. Viajando na condição de menor desacompanhado, tivemos um tratamento diferenciado, sendo que na volta, viajamos na cabine de comando. Passamos o dia inteiro no terraço do aeroporto, vimos o Concorde pousar e decolar, e para voltar, mudamos o voo para ficar mais umas horas por lá. Tiramos várias fotos, sendo apenas uma de nós mesmos e todas as outras de aviões. Voltamos à noite para nossas casas contentes com nosso passeio inusitado. Assim os anos foram passando, sempre que tinha oportunidade ia ao aeroporto de Congonhas, e não perdia uma chance de ir a Viracopos, pois o aeroporto de Guarulhos ainda não atendia à aviação comercial. Assim fui me aproximando dos aviões. Ia muito de carro para Ubatuba, com meu pai e irmãos, e sempre esticava o olhar para o aeroporto local, observando os pequenos aviões que lá estavam estacionados. Saía com os amigos em São Paulo, aguardando o momento de procurar um aeroclube para tirar o Brevet de piloto, que iria acontecer no início de 82, quando ainda tinha 16 anos de idade.








  • Veja que lindo o rasante deste B-707



  • Em 1980, brincando de piloto no Bandeirante PT-EMB



  • Em 1986, trabalhando de copiloto no Bandeirante da Rio Sul



  • Em junho de 79, como menor desacompanhado

3 comentários:

  1. Falta a primeira foto...
    Adorei a história, até chorei em uns trechos.

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  2. Acho que foi seu melhor texto. Gostei muito.

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  3. Beto, possuo muitas dúvidas sobre como me tornar um piloto e gostaria de sua ajuda, já que vc possui um vasto conhecimento no assunto não é mesmo?
    De que maneira posso entrar em contato com vc a fim de enviar as dúvidas? E-mail, MSN, Orkut, outro...
    Obrigado

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